Brasília, 4 de setembro de 2025 — O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que apura a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, adotou uma postura discreta e estratégica no início do julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro. O silêncio do magistrado durante as sustentações orais dos advogados chamou a atenção nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF).
Breve fala e distanciamento
No começo da sessão, Moraes fez apenas uma fala introdutória, em tom enfático, destacando três pontos:
a impunidade não pode prevalecer em um Estado democrático;
a soberania nacional não é passível de negociação;
a imparcialidade do STF não será abalada por pressões externas.
Depois disso, o ministro se limitou a anotar observações e não interveio em nenhum momento da apresentação das defesas.
Contraste com outros ministros
Enquanto Moraes e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma, permaneceram em silêncio, outros ministros foram mais ativos. Luiz Fux e Flávio Dino questionaram advogados sobre pontos centrais das argumentações. Já a ministra Cármen Lúcia corrigiu a afirmação de um dos defensores de Bolsonaro, esclarecendo que voto impresso e voto auditável não são equivalentes, e reforçando que o sistema eletrônico brasileiro é amplamente auditável.
Próximos passos
A expectativa é que Moraes apresente seu voto na próxima semana, quando o julgamento será retomado. Por ocupar a relatoria, sua manifestação deverá nortear a posição dos demais ministros da Turma.
Significado político e jurídico
A escolha pelo silêncio foi interpretada como uma demonstração de cautela e firmeza institucional. Moraes tem sido alvo constante de ataques políticos, sobretudo de aliados do ex-presidente, e busca reforçar a imagem de imparcialidade. A conduta também evidencia um esforço para manter o processo em um patamar estritamente técnico, evitando disputas retóricas em um ambiente de forte polarização.

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